LIVROS NA ESTANTE
O
Raul Seixas em uma de suas músicas diz: “Olho os livros. Na
minha estante. Que nada dizem. De importante. Servem só prá quem. Não sabe
ler.” E com a verdadeira avalanche de reformas na legislação, impetrada por um
governo um tanto quanto suspeito para infringir no povo brasileiro mudanças tão
severas em direitos há tanto tempo conquistados.
É certo que para aqueles que trabalham na árdua missão de
promover o direito das pessoas (juízes, promotores, delegados, advogados) estarem
antenado com as mudanças, e combater os abusos da norma é de extremada
dificuldade, e não raro se perde toda a biblioteca, que só servirá como base
histórica e para estudo da retórica.
Em um país onde a carga dogmática é a máxima da justiça
pública, e se busca na norma a base para toda a pacificação social, doa a quem
doer, a lei tem uma importância muito grande, e em muitos casos superam a
lógica, a razão e os costumes, se tornando um imperialismo tirano do poder
legislativo e executivo sobre a vida das pessoas, que mesmo que busquem o
judiciário como arbitro vê-se atropelado por julgados que se baseiam no dogma imposto
pela norma.
Vemos que ao povo não adianta gritar, pular, pedir socorro.
E mais pedir socorro a quem? Se todos os poderes se encontram
contaminado pelas praticas ilegais da corrupção, do ganho fácil, e do enriquecimento
sem causa.
Novas eleições se aproximam, e fica uma nuvem negra pairando
sobre as nossas cabeças, pois o cenário que se desenha é dos piores que se
podia imaginar. Parece que teremos mais do mesmo. E nem se quiséssemos teríamos
chance de mudança, já que nenhum salvador da pátria tem se apresentado neste
horizonte sombrio da vida pública brasileira.
E eu, que fui um dos primeiros, como dizia Raul Seixas, agora
vou dar uma queixadinha, mas nem sei se terei alguém para ouvir.
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